O movimento indígena vai criar o Parlamento Indígena Amazônico. A decisão foi tomada durante o “Diálogo entre Lideranças do Movimento Indígena da Amazônia Brasileira”, evento realizado entre os dias 18 e 21 deste mês, em São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus), com apoio da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind).
O Parlamento deverá funcionar como instância política que garanta os direitos dos povos indígenas da Amazônia.
O balanço das discussões foi apresentado nesta quarta-feira (29), pela Coordenação das organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), que organizou o encontro, em parceria com a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn).
A estrutura preliminar do Parlamento Indígena será construída por uma equipe, escolhida pelas próprias lideranças. “É coisa diferente, uma instância de discussão e deliberação em que cada povo indígena tem o seu assento”, destacou o líder indígena Euclides Macuxi. “Essa instância é própria, com regras próprias, na qual os povos indígenas decidem sobre os seus direitos e interesses”, acrescentou.
O encontro teve a participação de representantes de toda a Amazônia brasileira, com exceção dos estados do Pará e Mato Grosso, que não puderam enviar seus líderes. O objetivo foi resgatar a história de organização do Movimento Indígena na região, com uma avaliação crítica das práticas adotadas ao longo dessas décadas de atuação nos cenários nacional e internacional. “O espaço é conquista do movimento indígena”, ressaltou o titular da Seind, Bonifácio José Baniwa.
O secretário fez uma apresentação sobre o processo histórico de luta, que culminou na criação da Fundação Estadual dos Povos Indígenas (Fepi) e, posteriormente, da Seind. Ele representou o órgão, ao lado de Miquelina Barreto Tukano, do Departamento de Promoção dos Direitos Indígenas.
Parlamentos em outros estados
A decisão de se criar o Parlamento Indígena Amazônico é tão positiva que, a ideia pode ser estendida a outros estados, de acordo com o líder Antônio Apurinã. “Eu defendo isso, mas com uma visão ampla, pois é uma coisa nova para todos nós”, disse. “Se o movimento indígena quer discutir isso, precisa disseminar essa discussão não só na Amazônia, mas em todos os estados”.
O coordenador da Coiab, Marcos Apurinã, garantiu que a organização não deixará o assunto esfriar. “Estamos discutindo um plano de futuro para o nosso movimento”, afirmou.
As lideranças aproveitaram para avaliar o debate e determinar as diretrizes do movimento amazônico, com a realização de outros encontros semelhantes em outras partes da Amazônia.
Liderança antiga e um dos fundadores da Foirn, Pedro Machado Tukano foi outro que reconheceu a importância do evento em São Gabriel da Cachoeira. “Não criamos a Foirn porque alguém de fora veio dizer, mas sabíamos que precisávamos nos organizar”, comparou. “Nós avançamos muito, mas precisamos aprender mais a ser mais políticos, saber como unificar essas idéias”, revelou o indígena.
Gerações
O encontro foi marcado pela reunião de novas e antigas gerações. “Tivemos a participação das crianças, estudantes da escola Irma, que ficaram do início ao fim do segundo dia, acompanhadas da professora Marcinda Baniwa”, informou Miquelina Barreto. “Elas formaram o grupo de trabalho na visão para o futuro e apresentaram suas propostas”.
A velha guarda do movimento, como foi chamada, também esteve presente. A história de cada liderança dentro do movimento é marcante, lembra Biraci Brasil, do povo Yawanawa, “Presenciei o primeiro encontro de lideranças indígenas no Acre, em 1982, e participei como jovem estudante, de um povo, que procurava se afirmar como um povo e a sua identidade”. “Eu escolhi a minha escola: o Movimento Indígena”.
(Fonte: CBN Manaus)
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Índios criam Parlamento para garantir direitos dos Povos indígenas da Amazônia
Postado por
Cid Furtado Filho
às
15:24

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